Os meus lábios secos disseram-me ter saudades de serem molhados pelos dela, que chocavam nos meus de uma forma subtil e inesquecível.
A minha língua dizia sentir falta de dançar harmoniosamente acompanhada pelo sabor a menta natural e gasto.
O meu nariz queixava-se de há muito não sentir o cheiro agradável a "amor, amor" que lá permanecia durante dias.
A minha pele gelada e húmida dizia que aquelas pingas de suor eram "lágrimas de saudades". Saudades daquela mão quente que aquecia de uma maneira única os meus dedos frios. Saudade daquelas festas nas costas que me faziam arrepiar. Saudades de sentir aqueles fios de cabelo castanho-escuro (claro) a passarem-me pela cara. E saudade de sentir a malha do casaco fino e o algodão da camisola e das calças de ganga justas.
O meu ouvido apenas sussurrou-me sentir falta de ouvir aquela palavra, que atravessava o meu interior como um arrepio e saía em forma de sorriso.
As minhas pernas sentem falta de andar por aquele caminho, o qual percorria com a maior felicidade do mundo.
Os meus olhos sentem falta de mirar aqueles olhos castanhos, simples mas lindos, a uma distância mais curta que um dedo. Mas ele tinha ainda mais saudades daquele sorriso maroto e envergonhado que aparece na minha cabeça enquanto escrevo este pequeno texto.
E o meu coração dizia estar farto da monotonia de bater sempre da mesma forma. Ele diz querer de novo, bater de uma forma irregular e rebelde, com uma imensa força e velocidade.
Compreendo, também gosto de pensar nela…